Todos os dias, o via chegar com o
seus, 70 anos, a ele e ao seu casaco coçado quadriculado, tinha uma sua
camisola de borbotos que parecia confortável com umas renas a passearem-lhe ao
nível do peito, o colarinho estava coçado e tinha pronunciadas rugas de
expressão na face.
Em cima das quatro horas, os seus
olhos azuis enfrentavam o relógio de feira, descaído, na parede do
estabelecimento, aparecia aquele rosto magro e anguloso, uma expressão gentil.
Se tiver vaga, ir-se-á sentar na
mesma cadeira, estrategicamente, colocada com vista para a entrada e o
empregado perguntava-lhe: “- Está tudo bem e é o mesmo de sempre!” e ele via
responder sorrindo, serenamente: “- Está quase tudo bem, é isso mesmo!”. Demorará
cerca de 25 minutos a comer meia torrada e a beber um galão escuro.
Lisboa, 3 de Fevereiro de 2013
Carlos Vieira
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