As luzes de Natal
Não iluminam
Tremem de frio
As luzes de Natal
Brilham
Vemos mais pobres
As luzes de Natal
A acender e a apagar
O sono das sombras
As luzes de Natal
No presépio
A estrela apagada
As luzes de Natal
O comércio
Não está brilhante
As luzes de Natal
A mulher mudou de rua
Não mudou de vida
AS luzes de Natal
Não, são os clarões
Dos canhões de 30 mm
As luzes de Natal
Dançam na noite fria
Da cidade deserta
As luzes de Natal
Aos milhares nas ruas
Escondem as estrelas do céu
As luzes de Natal
O olhar e os olhos da criança pobre
Sem brilho
As luzes de Natal
E os cães vadios
Não descansam à noite
As luzes de Natal
Todo o ano só naquela cela
Se permitiu o brilho da opinião.
As luzes de Natal
Acesas na vida dos mineiros chilenos
E na morte dos da Nova Zelândia
As luzes de Natal
E a mão estendida
Dentro do bolso
As luzes de Natal
Glória efémera
De morte anunciada
As luzes de Natal
Penduradas nos discursos oficiais
Já cansados do futuro
As luzes de Natal
De plástico, eléctricas, a velar
A morte prematura das árvores jovens
As luzes de Natal
Flores de melancolia
E solidária solidão
Lisboa, 18 de Dezembro de 2010
Carlos Vieira