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sábado, 31 de março de 2012

Catarse


Catarse

do teu corpo côncavo

e o vagar

de vício absoluto

na tarde

do olhar  que antecede

o precipício

num vórtice

de proibido fruto

na sede

que te invoca

e desces depois

pela água turva do rio

que te cerca

numa vertigem de pétalas

num sortilégio de aves

que te curva

tu és agora

o animal ferido

antes de ser afoito

e astuto

de sucumbir num grito

e de partir a seta

sem dizer nada

oiço-a no restolho

do teu sexo

e numa prece de arbusto

oiço-a numa pressa

de serpente

de olho por olho

de me deixar ir

na corrente

na catarse  

do dente por dente

devagar tão devagar

surge no ápice da febre

que nos transcende

o beijo que percorre

a constelação

do teu corpo

incrédulo

até sentires

dentro de ti

crescente

o céu e o inferno

o fogo e a luz

num abraço

de estrela cadente

num frémito perfumado

de flor



Lisboa, 31 de Março de 2012

Carlos Vieira