“Art is not the application of a canon of beauty but what the instinct and the brain can conceive beyond any canon. When we love a woman we don’t start measuring her limbs." -Pablo Picasso
as tuas mãos, o teu rosto, a claridade, que pelos teus olhos… o mundo, que pelos teus olhos… povoam as minhas distâncias. Sabias?
Não. Ninguém sabe de ninguém os mundos que cada um habita.
Falo-te. Nunca te disse. em longas falas digo-te coisas tão particulares de cada um de nós de tudo em volta. Das pequenas misérias diárias dos pequenos nadas do livro que se leu. Do que se sente do que se pressente do que dói. Das coisas diárias…
Do reparar nas coisas. A beleza das coisas. Da harmonia do silêncio. A harmonia. Das raízes sinuosas do afecto os inexplicáveis elos.
Tudo fica entre mim. É quasi perfeito como diálogo, o nosso. Que me responderias? Que me poderias responder melhor do que aquilo que te atribuo como resposta?
Na minha distância espero-te sabendo que não sabendo tu que te espero nunca virás. É isso essencialmente a distância. Aí preparo em cada dia especiais momentos para a tua inexplicável chegada. (In: Árvores de domingo. Lisboa, Livros Horizonte, 1986. Uma belíssima edição!)