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domingo, 12 de fevereiro de 2012
Excerto do conto Eleonora, de Edgar Allan Poe
"Os homens chamaram-me louco; mas ainda não está assente se a loucura é ou não a mais elevada das inteligências, se quase tudo o que é glória, se tudo o que é profundidade, não provém de uma doença do pensamento, de um modo de ser do espírito à custa do intelecto geral. Os que sonham de dia têm conhecimento de muitas coisas que escapam aos que só sonham de noite. Nas suas visões brumosas, captam foragidos da eternidade e estremecem, ao despertar, por verem que estiveram à beira do segredo. Captam pedaços de algo do conhecimento do Bem, a ainda mais da ciência do Mal. Sem leme e sem bússola, penetram no vasto oceano de luz inefável, como se para imitar os aventureiros do geógrafo núbio, agressi sunt Mare Tenebrarum, quid in eo esset exploraturi. Diremos, por conseguinte, que sou louco. Reconheço, pelo menos, que há duas condições distintas na minha existência espiritual: a condição de razão incontestavelmente lúcida, e a condição de sombra e de dúvida."
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