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sábado, 8 de fevereiro de 2014

ABRE TODAS AS PORTAS





Abre todas as portas: a que conduz ao ouro,
a que leva ao poder, a que esconde o mistério
do amor; a que oculta o segredo insondável
da felicidade, a que te dá a vida
para sempre no gozo de uma visão sublime.
Abre todas as portas sem pareças curioso
nem dar importância às manchas de sangue
que salpicam os muros das habitações
proibidas, nem às jóias que revestem os tetos,
nem aos lábios que buscam os teus na sombra,
nem a palavra santa que espreita nos umbrais.
Desesperadamente, civilizadamente,
contendo o riso, secando tuas lágrimas,
no limiar do mundo, no fim do caminho,
ouvindo como cantam os rouxinóis,
não duvides, irmão: abre todas as portas.
Mesmo que nada exista dentro.


                   (de Los mundos y los días, 1998)