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domingo, 8 de julho de 2012

Viagem de circum navegação



Eis-me aqui ao leme no meio do turbilhão do nosso desejo

Sulcando teu corpo sendo toda a Terra és tudo o que vejo

Teus dentes brancos na crista da onda no peito me devoram

Enquanto lentamente te atravesso tuas profundas entranhas

As unhas cravadas nos meus ombros toda a razão dilaceram

Tendo-te à mercê sem nunca te entregares me acompanhas

Mesmo quando a tua agitada tempestade mais me atormenta

Sigo no teu rumo e querendo-me salvar em ti fico perdido

Minha alma em chamas a tua carne doce de coral sustenta

Fujo do olho do furacão e se mais longe de ti mais desmedido

Mais cego do amor que desce na vaga e se torna mais fecundo

Nesta expedição em que para fugir de ti fui ao encontro da dor

Erro no labirinto cósmico do teu corpo pois não há mistério maior

Que o de olhar-te nos teus olhos e entrando em ti escutar o mundo



Lisboa, 8 de Julho de 2012

Carlos Vieira