olho-te seminua
acendo sílaba a sílaba
o diálogo da tua pele
com os meus lábios
arde o cristal e o mel
e de pálpebras cerradas
arde o sal pousa teu odor
e dentro de mim cresce
o rumor de um vulcão
tu impaciente esperas
vais ateando o fogo
mordes a madrugada
até que a tua língua afiada
desperta por fim em êxtase
no meu peito aflito
o último desejo
o mais duro de mim
na noite do teu corpo
assim germina o primeiro
raio de sol e um beijo cego
cala o primeiro grito
Lisboa, 18 de Maio de 2012
Carlos Vieira
“Lovers” de Ernst Ludwig Kirchner