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domingo, 11 de maio de 2014
O peregrino
I
Descanso
depois do medo
e antes da coragem
sento-me no penedo
a meio da encosta
da ilusão e da viagem
o meu olhar
divide o teritório do vale
em paz com o falcão.
II
Prossigo
a caminhada
em direção
ao desfiladeiro
a única cilada
que receio
tem a raiz
na imaginação
o meu maior
inimigo
dorme comigo.
III
Agora
este rio
me acompanha
conversamos
seguem-nos
os peixes
canta o rouxinol
e reflexos
de salgueiro
ele sabe para onde vai
eu não sei
para onde vou
e a todos levo
comigo.
IV
Vou ficando
mais disponível
para os aromas
mais subtis
e para as aves
mais breves
para a emoção
dos atalhos
poderei chamar
peregrinação
a é esta geometria
mínima
de folhas
e de sombras.
V
Doem-me os pés
o corpo todo
tenho sono
e a fome
assalta-me
em silêncio
venci o cume
a chuva e o vento
comi o pó
e o desafio
é para lá
do momento
é ser só
e ser o caminho
ao mesmo tempo
cair adormecido
embalado
pelo conhecimento.
Lisboa, 11 de Maio de 2014
Carlos Vieira
"The Pilgrim above Mist" de Caspar David Friedrich (1744-1840)
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