há um veado ferido
que cintila amordaçado
na ancestral pintura
ali acredito na noite
de um beijo e ponho o dedo
na ferida da pedra
e acredito no que vejo
uma nota breve ou brilho fugaz
uma palavra dura ou súbita dor
estou perdido perseguindo
a sombra e o que não vejo
porque ficando cego
na clarividência da contraluz
apenas invento a constelação
etérea do que me seduz
Lisboa, 24 de Junho de 2012
Carlos Vieira