A avioneta
era
um punhal aceso
na vertente sul
nos binóculos dança um vulto negro
só
ou oculto
nas
asas da neve
o veneno na zarabatana
a verdade
nua e crua
trespassada na estepe
num cerco
de lobos e de sangue
o branco
derramado
no cockpit do poema
a embriaguez
do
deserto e das alturas
a brevidade dos líquenes
e o estrépito
das hastes
o oiro fugaz das renas
enquanto o caiaque pronuncia a suavidade
do
degelo
os salmões
cruzam o sol da meia noite
impossível é a missão de salvamento
dos soterrados nestas noites
em branco
nas avalanches de solidão e
esquecimento.
Lisboa, 5 de Janeiro de 2013
Carlos Vieira