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sábado, 14 de abril de 2012

Andrómeda


Telúrica

vives séculos ajoelhada na tarde rural de um postigo

depois pode ser o rapto de um abraço, a mordaça de um lenço

o pânico do rosto inquieto onde o amor lê sinais esperança

e não vê sinais de perigo



No lago

surpreendida na tempestade navegas no barco amigo

soletras o relâmpagos e as trevas e na eternidade feroz

das vagas até se apagar o fogo do teu corpo deslumbrante

e sem abrigo



Sacro

é teu corpo já manso sobre o rumor do piano e do trigo

e os caracóis dos teus cabelos, vens descalça pelo sono solto

dos teus olhos que irradiam o brilho da noite

solitário epílogo



Ouve a minha trova

onde crepita o sangue de um canto antigo

a arfar no vulto tangível da mulher nova

ouve o coração despedaçado que sangra a ferida

rosa de um figo



Lisboa, 14 de Abril de 2012

Carlos Vieira



                                                                   “Perseus e Andrómeda”