Foi o tempo de amar
desmesuradamente
do breve equilíbrio
de dar o passo em frente
para o abismo
tendo tão perto o paraíso.
Um tempo
entre o deslumbramento
e o juízo
em que os gestos
e as palavras
se quedavam atordoadas
de encantamento.
O tempo
em que te foste embora
cansada de esperar
e foi nessa dor
de te perder
e de não saber amar
que percorri o mundo.
Houve um tempo
em que acabei
por te reencontrar
nos pequenos fragmentos
da nossa história
na subtileza dos sinais
em circunstâncias
e inúteis apontamentos.
Agora é apenas
o tempo de amar
o tempo de amar
essa memória
de um amor
para o qual
nunca tive tempo.
Lisboa, 8 de Fevereiro de 2014
Carlos Vieira
"Mulher de braços cruzados" de Pablo Picasso
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