sábado, 8 de fevereiro de 2014

Amor sem tempo



Foi o tempo de amar 
desmesuradamente
do breve equilíbrio 
de dar o passo em frente 
para o abismo
tendo tão perto o paraíso.
Um tempo
entre o deslumbramento
e o juízo
em que os gestos 
e as palavras
se quedavam atordoadas
de encantamento.
O tempo
em que te foste embora 
cansada de esperar 
e foi nessa dor
de te perder
e de não saber amar
que percorri o mundo.
Houve um tempo
em que acabei 
por te reencontrar
nos pequenos fragmentos
da nossa história
na subtileza dos sinais 
em circunstâncias
e inúteis apontamentos.
Agora é apenas
o tempo de amar 
essa memória
de um amor 
para o qual 
nunca tive tempo.

Lisboa, 8 de Fevereiro de 2014
Carlos Vieira


                                           "Mulher de braços cruzados" de Pablo Picasso


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