sábado, 22 de fevereiro de 2014

Histórias nocturnas de amor e morte



I

Foi
na noite 
que estava 
escura 
como breu
que deu
à luz
o filho das trevas.

II
A noite 
estava dura
a vida 
não o estava
menos
um estâmpido
após o clarão 
pôs fim
às duas.

III
A noite 
estava de breu
e a morte 
era redundante
a acesa
discussão
não trouxe
mais luz.

IV
De tanto 
a nomear
pode ser 
que o fira
de morte
nas trevas
com golpes
de luz.

V
Subitamente 
um relâmpago 
iluminou
seu rosto 
foi como 
se iluminasse
a selva inteira.

VI
No breu 
da noite 
esconde-se
a vida 
obscura
no esconso
do tempo
há espectros
de morte
ensaiam
danças
macabras.

VII
No breu 
escuro 
da noite
um beijo
de morte
partam pois
os dois
deixem-nos
em paz.

VIII
O escuro 
da noite 
estava 
de breu
estava
a noite 
escura
deu uma
cabeçada
que até viu
estrelas.

IX
De tanto 
lhe bater
pode ser
que haja
fogo
que faça
faísca
que haja
chama
e evidência
para o prender
por violência
doméstica.

X
Estremunhado 
por tanto
Inferno
vou tacteando 
o teu corpo
és tu o sol 
que repousa 
à minha beira.

Lisboa, 22 de Fevereiro de 2014

Carlos Vieira

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