Ontem quis ser náufrago
e adormecer assim na minha cabana de palmeiras,
fazer com dois cocos um sutiã para a minha mulher.
Quis ser náufrago
e andei pelas bibliotecas e pelas ruas,
questionei inclusivamente a experiência.
E no fim aprendi
que, para o ser,
só tinha de recordar
o que parecia não ter importância,
e varrer um pouco a praia
antes de me instalar,
não se desse o caso do último inquilino
se ter esquecido de o fazer.
Manuel Arana
(Versão minha; original reproduzido em Poesía por venir - Antologia de jóvenes poetas andaluces, Junta de Andalucía / Editorial Renacimiento, 2004, p. 14).
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