quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Vai ver se chove!



Cessa a chuva
e a espera
no vão das portas.

XXX

Caiem pingos
das árvores
e escorre
pelos troncos
estertores de água.

XXX

Os caminhos
estão intransitáveis
as crianças
chapinham
nas poças
não vão a lado nenhum.

XXX

Oiço as aves
que sacodem
as asas antes do voo.

XXX
Ouve-se o regato
cristalino
mais longe
menos límpido
depois da chuva.

XXX

No cabide pendura-se
o manto
e volta a ouvir-se
o esperanto  
da chuva
que volta a tamborilar
em braille
no vidro da janela.

Mesmo assim
vou ver se chove.

Lisboa, 6 de Fevereiro de 2014

Carlos Vieira

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