Nas fotografias mais antigas
ainda uso óculos: memória
das lentes riscadas e paninhos
de flanela. Um dia as dioptrias
desapareceram («óptimo», disse
o oftalmologista) e fiquei a ver
melhor ao longe – mas não tão
longe que consiga alcançar, hoje,
o que via quando as hastes me
magoavam atrás das orelhas.
José Mário Silva, Luz Indecisa
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