O que fazer?
vou alinhavando
as palavras
na folha em branco
lanço-lhe um apelo
ou acentuo-lhe
as sílabas
ou chamo-as
pelos dois nomes
como a minha mãe fazia
deixo-as
voar como os áugures
na minha mente
ai se eu as soubesse ler!
que elas me ajudem
a encontrar o caminho
da razão
daquela palavra
que abre ao mesmo tempo
no coração
uma clareira
no desassossego
a palavra
a palavra
sombra breve
para um momento
de descanso
sem palavras
de traduzir o silêncio
se seguindo
palavra a palavra
pudesse voltar
onde eu um dia te perdi
e tu te calaste
se eu tivesse
um discurso
se eu soubesse
o que dizer?
Lisboa, 17 de Março de 2014
Carlos Vieira
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