Um lenço acena
no cais
ave enviesada
que paira
sobre a cabeça
de um vulto
de cabelo
desgrenhado.
O navio
fito
esgueira-se
no seu rumo
a mulher
no corropio
que a cerca
permanece
não desvia
o olhar
o seu amor
é em directo.
Nunca
vai acreditar
que partiu
o homem
do leme
pois continua
dentro de si
a latejar.
Não crê
que deixou
de ser
âncora
sem explicação
assim
esquecida
no fundo do mar.
Sobre as águas
da enseada
amena
o enorme manto
de espuma
branca
cobre agora
lentamente
o vulto da mulher
é tarde
e o seu amor
está à sua espera
sempre ali esteve
nunca partiu.
Lisboa, 1 de Março de 2014
Carlos Vieira
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