sábado, 1 de março de 2014

Fantasia IV


Um lenço acena 
no cais
ave enviesada
que paira
sobre a cabeça
de um vulto
de cabelo 
desgrenhado.

O navio 
fito
esgueira-se
no seu rumo
a mulher
no corropio 
que a cerca
permanece
não desvia
o olhar
o seu amor 
é em directo.

Nunca 
vai acreditar
que partiu
o homem
do leme
pois continua
dentro de si
a latejar.

Não crê
que deixou
de ser 
âncora
sem explicação
assim
esquecida
no fundo do mar.

Sobre as águas
da enseada 
amena
o enorme manto
de espuma
branca
cobre agora 
lentamente
o vulto da mulher
é tarde 
e o seu amor
está à sua espera
sempre ali esteve
nunca partiu.

Lisboa, 1 de Março de 2014
Carlos Vieira





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