Memória nas palmas das tuas mãos
ajeitando raios de sol
na fundição do tempo
mantendo o rumo
e descendo à noite às aldeias
mãos de veludo de surripiar
contorcendo-se na magia
e na festa das palavras caídas no chão
mãos que te despertam
mãos de trazer os bichos
para casa
de reinventar a humanidade
mãos de puxar o cobertor
de um sono solto
de acalmar o sobressalto
mãos na tua face secando
a lágrima
e que acende o sorriso
mãos em concha
a inventar na solidão a ternura
e a razão
mãos que exortam a loucura
de dedos delgados
de toque hábil
mãos de escrevinhar
sem parar
de orar
mãos no ar
e da claustrofobia
e de acreditar
mãos para morrer
de misericórdia
e para empunhar o punhal do amor
mãos que são garras e são solares
e abertas
no corpo charruas de fogo a lavrar
Lisboa, 15 de Março de 2014
Carlos Vieira
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