sábado, 15 de março de 2014

Mãos amputadas

Memória nas palmas das tuas mãos
ajeitando raios de sol
na fundição do tempo

mantendo o rumo 
e descendo à noite às aldeias
mãos de veludo de surripiar 

contorcendo-se na magia 
e na festa das palavras caídas no chão
mãos que te despertam

mãos de trazer os bichos
para casa
de reinventar a humanidade

mãos de puxar o cobertor
de um sono solto
de acalmar o sobressalto

mãos na tua face secando
a lágrima
e que acende o sorriso

mãos em concha
a inventar na solidão a ternura 
e a razão

mãos que exortam a loucura
de dedos delgados
de toque hábil

mãos de escrevinhar
sem parar
de orar

mãos no ar
e da claustrofobia
e de acreditar

mãos para morrer
de misericórdia
e para empunhar o punhal do amor

mãos que são garras e são solares 
e abertas
no corpo charruas de fogo a lavrar 

Lisboa, 15 de Março de 2014
Carlos Vieira







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