sábado, 15 de março de 2014

Mulher papoila


tu és uma única papoila
o fogo efémero
a luz que me consome

és o sangue que tece a flor
silêncio que te adormece
e que me inebria

resistes à última brisa
do nosso Inverno
ergue-te o veneno em aceso rubor 

o teu aceno romântico das causas
nas casas um grito encurralado
corre agora flor vermelha pelo prado verde

se o meu olhar é só para ti 
rainha sem reino porque danças?
por quem?

no meio da seara
balança a tua haste frágil
a tua voz rouca

destilas o ópio
a coroa de um abismo de silêncio
na tua corola 

na minha boca a pétala desfeita 
breve alusão a sexo 
uma inevitável sofreguidão 

sigo por aquele caminho rural
onde cresci e procuro
o reencontro do teu beijo traiçoeiro

Lisboa, 15 de Março de 2014
Carlos Vieira










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