sexta-feira, 14 de março de 2014

Mulher puzzle

Mulher puzzle

Insinua-se
paralela e assimétrica
e pura

Observa-me
demoradamente
a olho nu

No verso
soergue-se exausta
rima

Despe-se
à ubiquidade do desejo
louco

Emerge 
e intrépida se entrega
solta

Sei-a de cor
a água da boca cresce
a sede

O olhar cega
em progressão geométrica
lenta

Penteia 
permanece o aroma nos meus dedos 
os cabelos

As palavras molhadas
desprendem-se dos seus lábios
aves de rapina

A tua nuca
pode ser o meu lugar de exílio
a omoplata

Atrevo-me
ao infinito ao palpar teus seios 
túmidos

Abraças-me
e desisto do significado das palavras
só murmúrios.

Lisboa, 14 de Março de 2014
Carlos Vieira



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