a oeste
da minha infância
nada de novo
vislumbrar
as estrelas
pelas chaminés
das grutas
e o céu
do tamanho
de um homem
onde
gota a gota
se vão formando
jardins
de grandes falos
de calcário
e do amor paciente
pelas gargantas
e penhascos
gorjeios pueris
e risos falsos
tronitruantes
e alegrias
e visões
ancestrais
estou preso
pendurado
na corda
do tempo
ao mundo
exterior
sem espelhos
deito-me
extasiado
sob a abóbada
de fantasmagóricas
sombras
e enigmáticas
fosforências
ilusões
acordam-me
nas entranhas
da serra
criaturas fantásticas
e me deixam
em transe
num inominável
estupor
estou de volta
à infância
viagem de regresso
ao centro da terra
e do mundo
Lisboa, 9 de Março de 2014
Carlos Vieira
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