Um largo redondo
no meio um lago redondo
e um repuxo de água sem fim
no retângulo da janela
todos os dias os reutilizo
os revejo moldura familiar
que revisito e revejo sem fim
a mesma água às voltas
no mesmo largo redondo
o mesmo lago de sempre
meio cheio ou meio vazio
todos os dias abro a janela
pela primeira vez e hoje
de olhos marejados da alegria
de te reencontrar debaixo
do chuveiro e cresce em mim
extraordinário um repuxo
de felicidade sem preço
nem moedas no fundo do lago.
Lisboa,31 de Março de 2014
Carlos Vieira
Imagem de Anita Ekberg em “Dolce Vita” de Federico Fellini
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