segunda-feira, 17 de março de 2014

Fragmentos de Vénus



rende-se
ao ardil
dos teus lábios

a labareda
das tuas mãos
lambe devora o seu tronco

cresce o desejo
e no teu rosto o mistério
se desvanece

estás nua
de pé e de costas
ninguém te fica indiferente

apanha o teu cabelo
revela o perigo
que é a curva do teu pescoço

ficas em silêncio
quieta
inacessível

não a pode ver
o cabelo na face e os seus olhos
são animais na penumbra

agachada os seios tocam
as suas pernas
nunca espera por ninguém

tu és uma estátua
firme e inteira na esquina da praça
toda a  gente te aponta e te vê passar

mulher a dias e de todos os dias
com tuas espáduas
afastas as hienas que te esperam nas noites

Lisboa,17 de Março de 2014

Carlos Vieira

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