terça-feira, 4 de março de 2014

Flash IV

Senta-se
na esplanada
todos os dias
à mesma hora
nada nada nada
nada mais tem
que possa fazer
se a tarde cai
depois passa
o seu olhar
em redor
do aquário
melancólico.

Pede 
um café normal
sem açúcar,
e não faz 
mais nada
nada nada nada
senão fixar
um ponto
algures
no seu crepúsculo
o olhar
fora de órbita.

Faz de conta
que não existe
solidão
fecha os olhos
e reinicia
a sua recorrente
reflexão
sobre o nada
nada nada nada
depois que as trevas
de tudo
tomaram conta.

Lisboa, 4 de Março de 2014
Carlos Vieira





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