Prego
na parede
à espera de ti
pendurada
vou adorar-te
a preto e branco.
Prego
perfurando a tábua
da salvação
cego
fixa as tuas mãos
na minha mágoa.
Prego
na interseção
dos veios da tábua
e dos mandamentos
memória triste
de ferrugem.
Prego
solitário que entra
na carne dos materiais
fica em silêncio
preso à morte
desprendido da vida.
Prego ou cravo
que segura a flor
e o estendal
o animal
e o martelo
que erra o prego
invade-me
uma dor
às vezes sai-me
um santo
outras uma blasfémia.
Lisboa, 3 de Fevereiro de 2014
Carlos Vieira
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