Tenta desbravar
a vereda das memórias
e aí encontrar
translúcidas
as amoras roxas
e assim
voltar a olhar-te
a partir
da penumbra
do silvado
ávido
dos teus lábios
ocultando
o suplício dos espinhos
denunciado
pelo melro
de negro flamejante
que surpreso
alçava
voo estridente
enquanto
a sua mão pousava
no teu seio
ateando ao seu corpo
o desassossego
e ao mesmo tempo
mansa
sombra do caminho
artífice do tempo
que sem saber
feito arbusto
os acompanha.
Lisboa, 26 de Fevereiro de 2014
Carlos Vieira
"Promenade" de Marc Chagall