domingo, 11 de maio de 2014

Uma mulher na paragem do tempo


Vi-te
ontem,
porém tu
não me viste,
estavas
na paragem
do autocarro,
lias um livro.

Ali estavas,
serena,
esquecida
de mim,
página
virada
da tua vida.

Tive para parar,
te oferecer
boleia
mas não sabia
para onde ías,
nem em que capítulo
ficámos.

Foi melhor
assim
tu arrumada
a um canto,
livro que amei ler
que teve
o seu tempo
o seu encanto.

E agora
eras mais
uma miragem,
apenas
um estremecimento,
na paragem
do autocarro.

Lisboa, 11 de Maio de 2014
Carlos Vieira

                                                 "Woman at the bus stop" Jörg Zenker

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