Estávamos em Agosto
do meio das videiras
a perdiz levantou voo
ruidosamente
era manifesto
estar embriagada.
O caçador
fora do período
legalmente permitido
assentou a coronha
da espingarda de dois canos
e o voo da perdiz
tremeu no ponto de mira.
Entre uns e outros
o dono da vinha
ia rente à madrugada
e no voo baixo da perdiz
percebia o seu peso
a maturidade da uva
e a qualidade do vinho.
Perdiz e caçador
e dono da vinha
cada um cambaleando
já tiveram um momento
em que se elevaram
brevemente
ao cimo da terra
ignoram-se
em pontos de vistas
e ângulos de visão.
Lisboa, 26 de Maio de 2014
Carlos Vieira
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