apenas conheci
a luminosidade
do teu corpo nu
depois
que atravessaste
a cortina
de água
o teu rosto
sonhado
ao tocar
no outro lado do espelho
e o meu dedo
à volta do infinito
da chávena
de café
na húmida
vertigem do teu olhar
cega-te
a altura do sol
tu eras para mim
apenas a contraluz
ou quando muito
uma miragem
foste sempre
a última fronteira
e no abraço
em que presumi
que te entregavas
apenas me davas
as boas vindas
em tudo resto
orgulhosamente só
inabalável estrangeira
Lisboa, 26 de Agosto de 2014
Carlos Vieira
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