segunda-feira, 26 de maio de 2014

estrangeira



apenas conheci
a luminosidade
do teu corpo nu
depois 
que atravessaste
a cortina 
de água

o teu rosto
sonhado
ao tocar
no outro lado do espelho
e o meu dedo 
à volta do infinito
da chávena
de café

na húmida
vertigem do teu olhar
cega-te
a altura do sol
tu eras para mim
apenas a contraluz
ou quando muito
uma miragem

foste sempre
a última fronteira
e no abraço
em que presumi
que te entregavas
apenas me davas
as boas vindas
em tudo resto
orgulhosamente só
inabalável estrangeira

Carlos Vieira



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