domingo, 4 de maio de 2014

Poema de amar desesperadamente



o nu
aceso
integral

de poro 
em poro sem paladar
corre a lágrima

para o teu delta
uma lâmina
de sal

fenda
à flor da pele
ferida vibrante

contorno
o ombro
e todo o desencontro

o teu umbigo
essa flor
destroçada

no pescoço
ao alto descansa um barco
encalhado num beijo

a língua 
no cume dos mamilos
onde um dia vai secar o leite

no baixo ventre
solta-se o teu delírio
e eu sou mais que a morte a demência

estás deitada
tuas pernas levantadas
e nas solas dos teus pés assolam vertigens

viras-te
e o pulsar do teu peito 
pede-me veemente uma ponte para o mundo

afinal após o desespero e depois da tempestade 
após os nossos corpos saciados
tudo se tornará na terra irrepetível e intemporal

Lisboa, 4 de Maio de 2014

Carlos Vieira

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