sábado, 31 de maio de 2014

Habeas Corpus



O meu cárcere
é o meu corpo
e a minha falta de ar

é ao tomar banho
no poleiro de uma flutuante
um pássaro a cantar

estou preso a mim 
e se de ti me encanto
mais confinado me sinto

no peito labaredas
e nas paredes do estômago 
as borboletas de espanto

e se num golpe 
de asa e de inquietação
acima dos muros me levanto

logo vem a gravidade
da vida pôr termo à evasão 
e me puxar para o meu canto

e ao meu ouvido
me lembrar o meu lugar
a minha idade

a necessidade
de manter o que resta
do corpo que foi festa

a esperança e o sonho de vida
o mais tarde possível
me libertar do corpo prisão.

Lisboa, 31 de Maio de 2014
Carlos Vieira




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