quinta-feira, 22 de maio de 2014

Portugal, terra de descobridores



Aqui estamos
na periferia
desta já gasta
Europa
madrasta
que se dizia
solidária
de vista larga
percebemos
de gustação
amarga
de vista grossa
terra
que nos diziam
da salvação
que para nós
tem sido
quase sempre
lugar de exílio
de emigração
só agora que
aqui regressados
já tarde
percebemos
que sendo esta
a Europa
a que rumámos
nunca foi
esta a que sonhámos
e muito embora
caídos na armadilha
que nos montaram
querem ainda
fazer-nos crer
que tudo foi
erro nosso
da nossa pequenez
do nosso ser
vítimas
do “amor ardente”
de sermos sempre
entrega cega
personificação
a um tempo da preguiça
e a outro da ambição
eis-nos aqui chegados
e ainda cansados
e já desejamos
partir de novo
para outra terra
que não faça de nós
os novos escravos
uma nova espécie
de sem terra
nem continente
como dizia o poeta
“cidadãos do mundo”
de outro mundo
de outra Europa.

Lisboa, 22 de Maio de 2014

Carlos Vieira


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