sexta-feira, 23 de maio de 2014

Amor ficção e realidade



Dá-me muitas vezes
este frenesim
de estrangular a realidade
e deixá-la cambalear
em estertor até ao fim
e depois ao vê-la
revirar os olhos
beijá-la com despudor
e com compaixão
ressuscitá-la
só assim será então
o amor nos meus braços
a libertação
da vida e da morte
mais do que faz de conta
que te amo
mais do que performance
e avaliação final
ao preço de saldo
e em liquidação total
este é um amor
de todas as ondas
de toda a palavra
e de todo o lugar
de onde te arrasto
e afinal
apenas batida realidade
da maresia e do sal
corpo que abraça
a espuma e o vazio
 no meio da praia
amor fácil
de contentar
e que caminhando
se apaga
à beira-mar.

Lisboa, 23 de Maio de 2014

Carlos Vieira



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