quarta-feira, 21 de maio de 2014

Poema da minha desumanidade



Isto aqui é o mundo
e aquele ali sou eu
tem sido sempre assim
mais perto do mundo
do que estou de mim
muito embora longe
sinto-o um filho meu
um universo que criei
qual o princípio e o fim?
reconhecer à distância
aquilo que me pertence
e aquilo que deixarei?
na minha ausência
serão apenas vestígios
do silêncio e do caos
efémeros sinais da idade
a caminho do refúgio
onde recupero folgo
para que o mundo
que por várias razões
tantas vezes perdi
regresse ao corpo
da minha humanidade.

Lisboa, 21 de Maio de 2014
Carlos Vieira

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