As plumas
macias
do seu chapéu
macias
do seu chapéu
sobre o sobrolho
eram fustigadas
pelo vento
agreste
que se tinha
levantado.
A serenidade
dura
eram fustigadas
pelo vento
agreste
que se tinha
levantado.
A serenidade
dura
do seu rosto
passou do alabastro
ao metal
irreconhecível
ao metal
irreconhecível
forjado
no fogo da paixão
de lágrimas
amargas
e da loucura.
Tudo aquilo
poderia
ser uma cabala
Tudo aquilo
poderia
ser uma cabala
mulher felina
apanhada
na sua própria
armadilha.
Quem conheceu
aquela mulher
a sua bondade
constava
ser impossível
que pudesse
sobreviver
impassível
naquele gelo.
A eloquência
da sua carícia
a sua presença
etérea
evoca o íman
efémero do olhar.
O meu puro
pudor
diante da sua tez
diante da sua tez
de ouropel
húmida
do relento
as minhas mãos
a passar a toalha
húmida
do relento
as minhas mãos
a passar a toalha
com que a havia secado
à volta
à volta
da tua cintura
tão devagar
tão devagar
beijo a beijo
poro a poro.
Um pequeno lapso
deixa a dançar
Um pequeno lapso
deixa a dançar
no meu espírito
o pêndulo
da sua ida e vinda
perante
os meus dilemas
na paisagem sépia
do regresso
o pêndulo
da sua ida e vinda
perante
os meus dilemas
na paisagem sépia
do regresso
ao beijar
indolente
à sugestão
do teu perfume
em recônditas
passagens.
Lisboa, 28 de Maio de 2014
Carlos Vieira
Lisboa, 28 de Maio de 2014
Carlos Vieira
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