ladra
desesperado
de fome
ou da solidão
no fim do casario
um cão
a coluna de fumo
eleva-se
de uma chaminé
à espera
que se legende
a vida
sem horizonte
um pinhal
esconde
a alma pura
do pinhão
o que está para lá
do abismo
a quem chamam
desconhecido
alguém espera
as palavras
que partiram
destemidas
pela estrada
de terra batida
que voltem
com pessoas
os melros
parecem letras
pretas
gordas
que ficaram
por ali
a debicar
em silêncio
eu fico
ali da janela
a esquadrinhar
no fim do lugar
anónimo
sobrevivente
a desdenhar
da crença
no princípio
do mundo
Lisboa, 18 de Abril de 2014
Carlos Vieira
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