Façam o pino
no Cais das Colunas
que abraçam no vazio
restos da esteira de espuma
dos cacilheiros
vejam de pernas para o ar
o país e o Terreiro do Paço
e o verdete de D. José
"qual a pata direita do seu cavalo"
eis aqui estes abraços de pedra
este anódino rei
chamem o bobo da corte
e que nos divirta
debaixo do arco da vã glória
tudo escrupulosamente vigiado
a partir das janelas dos ministérios
um imenso punhado
de passadas e de presentes
vacuidades
podemos oferecer
a qualquer pacato viajante
e endinheirado turista
ou cidadão
nesta bela praça
a esconsa visão do universo
que nos venceu
como se nela coubesse
o mundo inteiro
entrem meus caros senhores
neste país passarelle
este circo de vaidades.
Lisboa, 11 de Abril de 2014
Carlos Vieira
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