de novo
esta saga do dentista
de boca aberta
das reprimendas
de ter que passar melhor
o fio dental
da saliva a acumular-se
da broca a perfurar
das cáries
e eu já de todas
as cores
de situações
delicadas
daquelas mãos
delicadas
do já não há
nada a fazer
e onde está
o raio da esperança
do deixaram aí
umas raízes
e dos abscessos
e vai uma ponte
ou um implante
eu que já
não tenho dentes
como dantes
agora
pode gargarejar
do não é preciso
anestesia
se doer
braço no ar
de novo
este velho ritual
de boca aberta
sem espanto
e agora sem incisivo
minha boca
do Inferno
Lisboa, 26 de Abril de 2014
Carlos Vieira
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