quarta-feira, 30 de abril de 2014

a árvore da espera



sento-me 
dias a fio
debaixo
da azinheira
voltado para o sul
para ver-te passar
eclipse que só eu
sei alcançar
e que mais tarde 
ou mais cedo
sei se vai desmoronar
o céu azul

a esta árvore 
secular
cerca-a 
um oceano
ondulante
de trigo dourado
como tu a mim
me rodeias
sou o náufrago
que para poder
respirar
pelo crepúsculo
em vão te espera

ao abandonar
este barco verde
habitado de pássaros
vou estar 
de novo perdido
serei um país 
à deriva
a essa realidade
sobrevive
o sonho
de voltar a amar-te
com a cumplicidade
das estrelas

Lisboa, 30 de Abril de 2014
Carlos Vieira

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