sento-me
dias a fio
debaixo
da azinheira
voltado para o sul
para ver-te passar
eclipse que só eu
sei alcançar
e que mais tarde
ou mais cedo
sei se vai desmoronar
o céu azul
a esta árvore
secular
cerca-a
um oceano
ondulante
de trigo dourado
como tu a mim
me rodeias
sou o náufrago
que para poder
respirar
pelo crepúsculo
em vão te espera
ao abandonar
este barco verde
habitado de pássaros
vou estar
de novo perdido
serei um país
à deriva
a essa realidade
sobrevive
o sonho
de voltar a amar-te
com a cumplicidade
das estrelas
Lisboa, 30 de Abril de 2014
Carlos Vieira
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