revolução dos cravos,
das flores
de Abril, de 74
enfim
de uma manhã de sol
lembro-me
que a minha mãe
arejava a casa
e fazia a limpeza semanal
embora
goste de considerá-la
uma premonição
ficou-me
a frequência
e a força da expressão
de um rádio sintonizado
no coração
e a alegria da liberdade
proclamada
aos sete ventos
frase feita
seja lá o que isso for
para os meus catorze anos
o ser, o querer ser,
o dever ser
livre
tinha razão
o que nessa idade
e tempo da ilusão
por livros viajados
fez o mapa do mundo
e o ser humano
duma dimensão
incomensuravelmente maior
do que aquela
que pudera algumas vez
sonhar
e é essa amena flor
que interessa regar
é dessa revolução
tranquila
que estou a falar
Lisboa, 23 de Abril de 2014
Carlos Vieira
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