sexta-feira, 18 de abril de 2014

Eterno retorno III



                                                                           O amor ou é louco ou então não é nada. (Milan Kundera)

do teu corpo 
ficaram
indeléveis 
as frequências
os recantos
a tendência
de decantar
na paisagem
que me cerca
os teus aromas
o pecado 
de conspirar 
nos teus lábios
a ler para mim
no meu tronco
a dedilhar
o deslumbramento
ao despertar 
entre a névoa
do desejo
hoje procuro
rente à pele decifrar
as cicatrizes
que deixaste 
por sarar
regressar a ti
descobrindo
no caminho
os rastos
que fiz sozinho
acompanhado
de estranhos ritmos
e cintilações
que não destrinço
se vindas
do passado
se do futuro
não sei se estou
tão perto 
ou se tu estás 
tão longe assim
ou vice versa
no amor sempre
prevalece 
este equívoco
esta desordem 
do tempo
e da distância
em que tu
és apenas 
tudo aquilo 
que nunca
se esquece

Lisboa, 18 de Abril de 2014
Carlos Vieira



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