segunda-feira, 7 de abril de 2014

a via dolorosa



nada nos une
e toda a dor 
vos separa

uns sofrem 
de dor de cotovelo
outros de dor de alma

corres desesperadamente
e és acometido
pela dor de burro

foste à consulta da dor
querendo
ir à da alegria

quanto à dor de corno
convém passar 
ao largo

parto sem dor
parto sem dor
uns chegam outros vão

de dor em dor
vou visitando
os patamares da vida

dor persistente
que se torna aguda
e a seguir dor-mente

as dores dos outros
são também as nossas
onde nos dói mais

depois deste vale de lágrimas
deste muro de lamentações
estou anestesiado

que a dor e o medo
não nos vençam na coragem 
de sermos justos


Lisboa, 7 de Abril de 2014


Carlos Vieira

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