sábado, 18 de janeiro de 2014

Grandmother



my grandmother
doesn’t know pain
she believes that
famine is nutrition
poverty is wealth
thirst is water
her body like a grapevine winding around a walking stick
her hair bees’ wings
she swallows the sun-speckles of pills
and calls the internet the telephone to america
her heart has turned into a rose the only thing you can do
is smell it
pressing yourself to her chest
there’s nothing else you can do with it
only a rose
her arms like stork’s legs
red sticks
and i am on my knees
howling like a wolf
at the white moon of your skull
grandmother
i’m telling you it’s not pain
just the embrace of a very strong god
one with an unshaven cheek that prickles when he kisses you. 

Avó

A minha avó
não conhece a dor
ela acredita que
a fome é nutritiva
a pobreza é riqueza
a sede é água
o seu corpo como uma vinha enredada numa bengala
os seus olhos asas de abelha
ela engole os comprimidos em forma de sóis
e chama à internet o telefone para a américa
o seu coração transformou-se em rosa e a única coisa a fazer
é cheirá-la
encostando-o junto ao seu peito
não há nada mais a fazer com ele
apenas uma rosa
os seus braços como pernas de cegonha
paus vermelhos
e eu de joelhos
uivando como um lobo
à luz branca da tua caveira
avó
eu digo-te que não é dor
só o abraço de uma deus muito forte
um com barba por fazer, que arranha quando te beija.

Valzhyna Mort

Sem comentários:

Enviar um comentário