domingo, 26 de janeiro de 2014

Anjo desumano

anjo desumano

ali sentado 
no banco 
o anjo
da estação central
parte ou abraça 
com o olhar cruel
o comboio 
que sai 
ou que chega
quer lá saber
do viajante
que passa
traz a mala 
e o coração vazios
asas avariadas
sem destino
e lugar marcado
em equipamentos
coletivos
e mobiliário urbano
anjo caído do céu
desempregado
ébrio
morre de fome
e solidão 
que já foi divino
e deixou 
de ser humano.

Lisboa, 26 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira


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