Chamo por ti
num murmúrio
um frémito
quase uma palavra
que não perturba
e afeta
o deslumbramento
da tua serenidade
nem precipita
as arritmias
e o pensamento.
Cicio
ao teu ouvido
roça
o lóbulo
meu lábio
que sacia
a sede
na lágrima
que traiu
teu fogo interior.
Avisto
o oásis
no deserto
não te movas
não fales
que eu irei
descalço
pé ante pé
corpo a corpo
desatar
a dor
que em ti teceu
o silêncio.
Depois
ao ouvir-te
gemer
ao deslisar
da carne
sinto-te
a recuperar
o tempo
morder
o nome
um insulto
num grito
que é quase
um sismo
em forma
de poema.
Lisboa, 24 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira
Foto de autor desconhecido
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