Resistindo
Enfio-me no vale dos lençóis
de corpo inteiro,
enrolo-me como uma múmia
e ali fico a fingir de morto,
resistindo.
Quando vou no ar já durmo
e apanho as correntes de ar,
estou sem sombra de dúvida
cansado, de mim ou do mundo,
resistindo.
Durmo de costa a costa
e ao chegar de madrugada,
já me esqueci de quase tudo
e começo a vida de quase nada,
resistindo.
Dizem que isto é o sono dos justos
por ser tão profundo e sereno,
estou porém convencido, de que isto é
uma espécie de morte, a que vamos
resistindo.
Lisboa, 21 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira
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