terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Um amor à chuva




Todo o dia
este dilúvio
e tu com paradeiro
desconhecido,
tu que és tão frágil.
Por onde andas
onde te abrigas?

Sobre a cidade
abate-se o temporal,
tu tão crédula
desprendida, 
tu descalça a passear
num lençol de água,
tão exposta
e imprevisível.
Porquê
esse teu riso
torrencial?

Surges
no pensamento,
na intempérie,
absolutamente
irrepreensível.
Surges
rompendo
entres as nuvens,
irradiante,
como um sol
inesperado
em dia de chuva.
Será tão intensa
a tua luz ou 
tão profunda 
a sua tristeza?

Esperar-te-á
à porta
inquieto,
para que possa 
abraçar
o teu corpo
ensopado,
saciar-se
no vapor
do seu aroma,
tão febril
e intemporal.
São gotas de chuva
um amor
que esmorece
ou apenas
tarda?


Lisboa, 7 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira



“Rain Room” Instalação artística por  “Random International” no The Curve at the Barbican Center in London, England, on October 3, 2012

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