Chovia copiosamente
na esplanada em frente ao mar
uma mulher de óculos escuros chorava discreta
o mar andava para trás e para frente
sem saber o que fazer
eu estava encharcado sem a porra de um chapéu de chuva
a fazer contas â vida
o empregado do restaurante recolhia uma garrafa
de água sem gaz
um cão vadio mantinha-se a uma distância de segurança
do lado da barra
a noite desesperava perante tanta indefenição
mas enfim lá se ia aproximando
o poeta cansado de esperar
agarrou na chave do poema e trancou-os
com três voltas
assim vão aprender o que é a solidão.
Lisboa, 1 de janeiro de 2014
Carlos Vieira
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